MUITO PRAZER, GIOVANI MIGUEZ

Giovani Miguez • 9 de agosto de 2025

Ética e estética de uma poética em carne viva

Nasci em Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, e vivo hoje no Rio de Janeiro. Sou poeta, escritor, pesquisador e servidor público. Minha formação é múltipla: especialista em Sociologia e Psicanálise, mestre e doutor em Ciência da Informação pelo IBICT/UFRJ. Toda minha trajetória literária parte de uma pergunta antiga que me acompanha: para que serve um poema quando o mundo adoece?


Minha resposta não está numa tese, mas num método: escrever como cuidado, concisão como ética, fragmento como verdade. A poesia, para mim, não é ornamento; é prática de atenção — uma tecnologia de presença.


O projeto est(ético)


Chamo de est(ética) a união entre ética e estética pela via do gesto mínimo. No meu trabalho, o verso curto, a elipse, a imagem depurada e o vocabulário do cotidiano afirmam uma responsabilidade formal: dizer apenas o necessário, com a clareza do que foi vivido. A ética aparece menos como enunciado e mais como forma — cortes, silêncios, rascunhos assumidos —, instaurando um pacto com a realidade.


O poema é lugar de decantação e de sutura: o que rompe no corpo e no social precisa ser costurado na linguagem.


Primeiras estações: do diário à travessia (2019–2023)


Em Quase Histórias: Estéticas Existenciais (2019), apresentei uma base híbrida: prosa curta, contos-rasgo e prosa poética examinando o instante com melancolia sóbria.


Animal Poético: Diário Est(ético) (2020) elevou o rascunho à categoria de método: um diário de criação onde o exercício cotidiano de nomear se tornou disciplina de presença.


No diálogo com Ricardo Garcia em Da Ilha da Poesia (2020), a poesia se fez em alteridade — epistolar, responsiva —, como se a escuta fosse o primeiro verso.


Com Um Poema por Dia: Para Viventes e Sobre (2020), reafirmei que persistir na poesia é persistir no cuidado.


Na prosa de Nem te Conto e Outros Contos (2021), abri janelas narrativas para o cotidiano; e em Em Terceira Pessoa e Outros Poemas (2021), o “eu” se tornou personagem observado, deslocando a confissão para uma terceira margem.


Na Escuridão da Travessia (Selin Trovoar, 2022) nomeou meu rito de passagem: finitude, perda, mística do caminho.


Poesofias: Entalhos e Alguns Retalhos (Ópera Editorial, 2023) uniu aforismos e lirismo; e Garrafas ao Mar — Minimalismos (2023) radicalizou a concisão, assumindo o inacabado como ética.


Consolidação existencial: o cuidado como forma (2024)


Em Eufonia, Euforias e Agonias (Litteralux, 2024), trabalhei o contraste — harmonia, exaltação e dor — para pensar o humano.


Um Elogio à Preguiça e Outras Lavras Preguiçosas (2024) propôs uma contra-pedagogia do tempo: desacelerar para ver.


Amor Fati e Outros Poemas Dionisíacos (2024) acolheu a lição nietzschiana: aceitar o real sem cinismo.


Notações Paridas: Poéticas que se Pensaram e Documento Poético e Outros Poemas de Transição (2024) foram exercícios de metapoesia — uma autoanálise da minha escrita.


Fase experimental: Projeto e Coleção Ateliê Po(ético) (2025)


Em 2025, iniciei um ciclo de plaquetes com capa amarela pela Uiclap, todos parte do Projeto Ateliê Po(ético), com textos majoritariamente inéditos:


  • Corpo poema — o corpo como verbo; linguagem como músculo; ética da presença sensível.
  • Metapoéticas — remendos e costuras do ato poético; confissão da falha como gesto de verdade.
  • Voz, Belchior, Navalha — cartas-poema a Belchior; voz insurgente; música como lâmina ética.
  • Raios, Raul, Relâmpagos — homenagem indisciplinada a Raul Seixas.
  • Aleluia, Mateus, Infinito — invocação de ancestralidade e rito.
  • Prosas Miúdas, Algumas Mudas — pequenas mecânicas do silêncio.


Esses plaquetes, alguns elogiados pela Revista O Navalhista, formam um laboratório de corpo, voz e processo.


Prosa reunida e nervo social


Em Os Vermes do Mundo: Prosa Reunida (2025), colhi textos sobre desigualdade, degradação e resistência. A ruína, aqui, é sintoma histórico; a indignação vem depurada, com cortes secos e uma ética de nomear o que fere.


Minha ética da forma


A ética na minha obra aparece como escolha formal: concisão que recusa sentimentalismo; fragmento que denuncia limites do discurso totalizante; diários como disciplina contra dispersão; afeto contido por léxico de proximidade.


Chamo isso de política do mínimo: cada palavra precisa justificar o ar que consome.


Poética do cuidado e documentalidade


Trabalho com a escrita como documentação da experiência. Cada livro funciona como prontuário do sensível, anotando anamneses do que somos quando cuidamos.


Tradições e linhagens


Dialogo com a canção (Belchior, Raul Seixas, Mateus Aleluia), com a crônica social e com a antipoesia latino-americana. A música me dá pulso, a crônica me dá urgência, e a antipoesia me lembra que o cotidiano é matéria radical.


Recepção e ressonância


Minhas obras têm sido comentadas pela Revista O Navalhista, pela Revista Deus Ateu e pelo Blog da Uiclap. As leituras destacam a concisão, a urgência ética e minha política do mínimo.


Meu lugar e meu ofício


Acredito que minha contribuição está em três eixos:


  • Est(ética) do cuidado — escrever para preservar o que importa e reintroduzir a delicadeza no uso da linguagem.
  • Responsabilidade do mínimo — oferecer precisão sem frieza.
  • Articulação corpo–cidade — não fechar a poesia na interioridade; escutar o rumor social e transformar essa escuta em forma.


Se a poesia é um modo de cuidar, minha poética mostra como: fazendo da forma um abrigo, e do abrigo, uma maneira de estar à altura do real.


Conheçam minha obra, naveguem pelo meu site.


@GIovaniMiguez

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